quarta-feira, 5 de maio de 2010

CANSADA DOS ABSOLUTISMOS

Porque a gente constrói verdades...

Porque as nossas crenças nos mantêm de pé da maneira mais confortável possível. Com elas, a gente pode acreditar no que melhor nos convier, sem precisar olhar no olho do monstro ou arregaçar as mangas pra tentar diferente. As crenças justificam as nossas ações, as nossas pisadas na bola, as nossas incongruências. Sim, elas são tão fortemente defendidas, que viram verdades até para nós mesmos. Acreditamos que não conseguimos viver sem o outro, porque temos medo de andar com as nossas próprias pernas. Temos medo de abraçar a nossa própria solidão...

Criamos as melhores estratégias, as melhores justificativas. Colocamos as responsabilidades na mão de quem quer que seja. Do namorado, dos amigos, da carreira, do destino... Não queremos colocar as nossas lindas mãos na massa pra não corrermos o risco de sujá-las, caso algo não dê certo ao final. Viramos reflexo do outro.

Acreditamos em qualquer coisa, porque, em algum momento, deixamos de acreditar na gente. Na nossa capacidade de adaptação, na nossa resistência às frustrações, na nossa força pra começar de novo, para nos reinventarmos sempre que for necessário. Deixamos de acreditar na beleza da nossa singularidade, no poder de atração que exercemos e na grandeza de, simplesmente, abraçarmos o nosso pacote de características.

E porque deixamos de acreditar, empurramos a responsabilidade no outro e entregamos o ônus de um tantão de expectativas no ombro alheio. Até que, depois de muitas frustrações, a gente começa a rever os antigos conceitos e a transformar em possibilidades relativas, todo aquele absolutismo ferozmente defendido a princípio.

E, a partir daí, a gente começa a enxergar nossas próprias verdades. Não aquela empurrada pela sociedade, pelo amigo ou pelo vizinho. Não do tipo “é-e-pronto-não-se-fala-mais-nisso”. E vislumbra-se a possibilidade de uma vida mais leve e mais honesta. E a responsabilidade pelo nosso bem-estar passa a ser – na regra – mais nossa do que de qualquer variável externa. E a gente começa a gostar do que experimenta, porque, a partir daí, a felicidade passa a ter um ar mais autêntico e mais levinho. Ela fica mais blindada, mais resistente... E, enfim, nos permite relaxar...

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