terça-feira, 27 de outubro de 2009

AMAR

Amar não é tão simples. Requer cálculos, interpretações e muito jogo de cintura. É que ele também impõe condições para dar o ar da graça com toda a sua majetade. É preciso merecer para que ele se abanque em nossa vida. Para amar plenamente, é preciso muita competência pra fazer valer a honra da visita. A gente tem que ter fôlego de mergulhador e flexibilidade de contorcionista. Paciência de Jó e toda a capacidade de entendimento do psicólogo mais competente. Tem que ter a objetividade dos matemáticos e a imaginação dos poetas. Para amar de verdade, é preciso complicar menos, esperar menos, relaxar mais. Esquecer o passado e tratar o futuro com a leveza dos bailarinos. Ser dotado de uma fina ironia e de muito bom humor. Saber curar as dores como o mais experiente dos doutores e saber fazer-se entender, como o mais dedicado professor. Ter ouvido de padre e a determinação dos atletas. Porque amar implica doação, aceitação e dedicação. Porque, falando assim, amar parece difícil pra chuchu. Mas quando a gente ama, esse mesmo pequeno verbo torna todas essas necessidades, capacidades que -de uma hora para outra - parecem aptidões que nos acompanham desde criancinha...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mulher e Futebol - Ainda existe!!

Fui logo avisando que não contasse comigo no domingo porque era a penúltima rodada do campeonato brasileiro, importantíssima.


- Mas o campeonato já não acabou? Eu vi na televisão, a festa do campeão.
- Não, o que acabou foi o da segunda divisão. O Palmeiras subiu de novo.
- Subiu? Para onde? Como assim? Tou falando dum time azulão.
- São Caetano?
- Tem São Caetano? Não, um de Minas.
- Ah, o Cruzeiro. O Cruzeiro já é campeão. Da primeira divisão.

Ela pensou um pouco.

- Então porque ainda tem jogo?
- É que é por pontos corridos.
- O que é isso?
- Quem faz mais pontos, ganha. Não viu o Xongas, não?
- De que time ele é?
- Esquece.
- Não, eu quero entender. Sempre foi assim... Já tem campeão e o campeonato continua?
- Meu anjo, é que tem que classificar cinco para a Taça Libertadores, que é o campeonato sul-americano.
- Mas o sul-americano não está acabando? O São Paulo não perdeu nos pênaltis outro dia? Você ficou assistindo até meia-noite e meia. Vê se isso é hora de se jogar futebol. Foi sempre assim? A essa hora?
- Não, é outro campeonato sul-americano.
- Quer dizer que tem dois campeonatos sul-amenicanos? Por quê? Sempre foi assim?

Eu não sabio o porquê. Mudo de assunto.

- Além do mais, hoje pode ficar decidido quem cai para a série B. Série B é aquela que o Palmeiras foi campeão.
- Mas você disse que ele foi campeão da segunda divisão. Tem Série B e tem Segunda Divisão? Sempre foi assim?
- Olha, antigamente era primeira divisão, segunda divisão, terceira divisão. Agora é série A, série B e série C. Sei que é um pouco complicado. O meu Linense, por exemplo, disputa a B-1. Entendeu?
- Parece nome de remédio. Sempre foi assim? E quem vai cair para a série B (ou segunda divisão? Viu como eu entendi?).
- Pois é isso o que eu quero saber hoje.
-E o campeão da segunda divisão, o Palmeiras, depois vai jogar com o Cruzeiro, campeão da primeira, para ver qual é a melhor divisão?

Eu tentando manter a calma.

- Mas o Palmeiras não era da primeira divisão? Devia jogar agora como o Cruzeiro, você não acha? E Flá-Flu ainda existe?
- Existe, existe.
- Eu acho que não. Porque outro dia eu ouvi na televisão o Galvão Bueno explicando que, se o Flamengo ganhasse de não sei quem, o Fluminense caia. Porque não joga, então, direto, o Flamengo contra o Fluminense?

Peguei a classificação para tentar explicar a situação para ela. Ela ficou olhando a classificação atentamente. Achei que ela tinha entendido tudo, finalmente.

- Que lindo que é a classificação agora! O que é esse monte de asteriscos? Olha que bonitinho. Foi sempre assim? Olha este, que gracinha! Tem três asteriscos. São medalhas? Payssandu. É do Paraguai???

(Mário Prata)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Pata do Pato

Só queria dizer que deu tudo certo no conserto da pata do Pato. O Pato tá bem. Daqui há pouco o Pato dará o ar das graças e mostrará suas lindas penas nas águas de Ponta Negra. O Pato também estará por aí, dando pulos que mais parecem tentativas de levantar vôo, uma de suas inúmeras habilidades, achando que tem as asas de uma águia. Sim, o Pato pensa grande... Asa de águia... Não da galinha, do marreco, ou de um passarinho qualquer... Águia! E pra quem duvida, daqui há pouquinho ele estará voando mais alto e mais rápido do que a dita ave, cruzando os céus dessa cidade. Pra completar todo o seu leque de aptidões, muito em breve você verá - não um Pato andando desengonçado -, mas um Pato correndo de forma autista e imperiosa pelas ruas da cidade, fazendo inveja ao mais Bolt dos papa-léguas! Um lindo e charmoso Pato... de pata novinha em folha!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ACHADO

Ele me faz tão bem...

Porque você é o meu melhor presente

E minha notícia mais agradável.

É o meu melhor remédio

E o meu vício predileto.

Porque você é o meu Norte

E a minha distração no caminho.

É o meu frio na barriga

E a quietude da minha mente.

Porque você é o meu risco

E a minha maior segurança.

Minha caixa de chocolate

E os meus 60 minutos de corrida.

As minhas dores e as minha cura.

Meu cansaço e minha disposição sem fim.

Você é o meu silêncio e a minha gargalhada.

A minha festa e o meu recolhimento.

Meus pés no chão e a minha fantasia...

Porque você é o meu bilhete premiado...

O meu golpe de sorte...

A estrela que escolhi dentre todas as outras...

É o homem que amo

E a quem ofereço, com prazer,

Todos os dias ao meu lado...


GOSTO

Não sei lidar com um monte de coisas. Não sei lidar com a solidão. Não sei conviver com o sofrimento do outro. Sim, esqueço facilmente quem me fere e porque o fêz. Não, na verdade, não esqueço. De fato, acabo justificando as ações alheias, mesmo que elas tenham me ferido profundamente. Sim, levo mágoas. Algumas. Mas elas só viram mágoas quando o meu super-ego não consegue justificá-las.
Não sei lidar com mentiras. Nenhuma delas. Nem com omissões. Mas o que mais me irrita é a falta de respeito. Com qualquer ser humano mas, principalmente, com as pessoas que a gente mais deveria amar. Não, não concebo amor sem respeito. Não concebo amizade sem respeito. Não acredito em relação sem respeito. Mas respeito verdadeiro Respeito conquistado por mérito, como deve ser.
Não sei lidar com diplomacias desnecessárias e com puxa-saquismo. Não sei, definitivamente. Não suporto "gostar por conveniência". Me enjôa atitudes falsas por propósitos infantis. Gosto do real, do verdadeiro, do preto-no-branco. Gosto de escutar o que as pessoas realmente têm a dizer, e não o que elas consideram mais conveniente. Acredito na possibilidade da boa educação separada das falsas cortesias. Ninguém é obrigado a gostar de todo mundo.
Não sei lidar com as perdas e nem sei lidar com os fins. Na verdade, sei menos lidar com o processo que dá origem a tudo isso. Talvez elabore facilmente o "luto" quando a história foi bem sucedida. E, para ser bem sucedida, a história não precisa ser para sempre. Para ser bem sucedida, a história tem que ter agregado coisas boas à nossa vida. Conheço um monte de "pra vida toda", onde o mais sábio seria um decreto de morte por falta de nutrição.
Ah, não sei lidar com um monte de coisas. Se, por um acaso, esqueci de dizer que sou difícil, desculpem a falha. Não sei lidar com esperas, de nenhum tipo. Sou extremamente ansiosa e não gosto de ter que advinhar. Um minuto = uma hora. Sou impaciente, persistente, um pouco irônica e um tanto contraditória. Não sei lidar com prolixidade, nem com tentativas constantes de demonstrar conhecimento. Penalizo-me por quem acha que vale o quanto pesa. Por quem acha que o seu valor é medido pelo que conseguiu acumular quantitativamente durante a vida.
Não gosto de falta de flexibilidade, de zonas de conforto, nem de linhas sempre retas. Não gosto de "ter que"... Não gosto de perder o meu controle, nem de decepcionar os que estimo. Não gosto de ilusões, de falsas promessas e de falta de congruência entre o que sente e o que faz .
Não gosto de perder o tom, nem de passar falsas impressões. Não sei me sentir pouco à vontade, nem gosto de me sentir estranha onde deveria me sentir em casa. Aprendi a assumir as minhas incapacidades e os meus erros, mas não gosto de saber que eles podem fazer sofrer quem eu amo. Não gosto dessas minhas incapacidades, nem das minhas falhas.
Sou perfeccionista, insegura e, talvez, o meu nariz um pouco reto, me dê um certo ar pedante. A pose, às vezes, é uma boa defesa. Acreditem! Não gosto de me sentir vulnerável, nem de ser mal interpretada. Não gosto de deixar falhas, nem lacunas nas relações. Não gosto que entendam errado, se eu posso explicar de novo. Às vezes, tenho a impressão que não sou tudo o que pareço...
Não gosto muito de comportamentos efusivos e desproporcionais. Acho que eles entram em choque com o meu jeito, na maioria das vezes. Ou talvez eles me assustem, não sei. Gosto de passar despercebida, se já tenho quem quero ao meu lado. Não gosto de me sentir fraca, nem de correr só meia hora.
Não gosto de fraquejar, nem de me comportar mal. Minhas decepções comigo mesma são tenazes, e demoram a cair no meu esquecimento , mesmo quando todos acham que tudo é besteira. Sou a minha pior juíza, sei bem disso!
Mas gosto muito das pessoas... Um tantão. De todas. Gosto de entendê-las, conhecê-las e mudar de idéia a respeito das mesmas, se isso me garantir mais gente boa por perto. Volto atrás facilmente. Perdôo e sei pedir desculpas sem nenhum problema. Não tenho orgulho desnecessário. Gosto que gostem de mim pelo que sou. Assim, desse jeito. Gosto de me sentir aceita e de deixar as pessoas ainda mais felizes.
Sim, gosto muito.