quarta-feira, 20 de outubro de 2010

MULHERES

Tenho pensado muito a respeito de todas as cobranças despejadas sobre nós, mulheres. O tanto de coisa que a gente tem que ter, fazer, conquistar, para poder ser bem-vinda no rol das mulheres bem-sucedidas, segundo a óptica dessa sociedade cruel em que nós vivemos. Tudo bem, o pensamento parece ter evoluído por um lado. Conquistamos a nossa independência, mas esqueceram de nos avisar que ela vem arrastando um monte de obrigação extra. Não obrigação do tipo “pôr a mão na massa”, trabalhar, executar. Porque isso a gente tira de letra, mesmo que o esforço tenha que ser homérico. Obrigações subjetivas que parecem tão imprescindíveis para que a gente alcance a tão esperada felicidade. Porque, nesse caso, felicidade significa cumprir todas as expectativas. As do público interno e a do público externo. As do público externo que a gente acaba achando que é nossa, de tanta pressão velada que sofremos.

Quando a gente chega aos 30, aí sim, a situação parece ficar um pouco mais complicada. Não sei porquê, estabeleceu-se que - nesse momento – você pode até não ter trabalho, mas tem que ter marido. Não é só o retorno de saturno. É a hora da verdade. Bem, assim a gente pensa quando tem 20, 25, 28 anos. Nessa época, parece que o mundo vai acabar amanhã e nós temos que ter o emprego “para sempre” e a família encaminhada. Aliás, sendo muito honesta, ser bem sucedida profissionalmente e não ter respectivo faz com que a maioria olhe para a gente com um ar meio estranho... Não importa se essa é a nossa escolha. Não importa se a gente decidiu não querer qualquer coisa. Não importa se a carreira foi a nossa prioridade durante certo tempo. Não importa se, simplesmente, o cara certo ainda não deu o ar da graça.

Infelizmente, essa realidade ainda é mais verdade, para os habitantes das cidades menores. Outro dia, escutei um homem, solteiro, para lá dos seus 35 anos, dizendo que mulher com mais de 30, solteira, é problema. Não preciso dizer que a história do sujeito é a mais enrrolada possível, né? Mas como ele, tem muitos... E muitas. Que olham para as balzaquianas lindas, no seu terninho chique, ou no seu momento “cuidando de mim mesma”, treinando, correndo pelas ruas com seus corpinhos de vinte e pensam: “Fulana é tão linda. Por que será que ainda tá solteira? Tadinha”.

E aí a gente pára e percebe que muitas pessoas vivem casamentos falidos, só para dar uma resposta a sociedade, ou para esconder o medo de ficar sozinha, na gaveta. E a gente percebe que muitas dessas pessoas queriam ter a liberdade de estar fazendo as suas escolhas de forma independente. E a crítica, muitas vezes, é a fantasia escolhida por pensamentos nostálgicos...

É duro. Mas com a experiência dos meus “trinta e tralalá”, posso dizer que não existe fase melhor para viver. Para cuidar de si mesma. Para conhecer lugares. Para conhecer pessoas. A equação independência financeira, maturidade e liberdade é perfeita. Perfeita e muito propícia para a gente viver a tal felicidade. E para nos conhecermos de verdade. Para separarmos o joio do trigo e identificarmos que desejos são nossos e quais são imposições veladas da sociedade, que a gente acaba achando que “precisa”. Quais são as nossas reais necessidades e que coisas são apenas expectativas dos outros sobre nós mesmos. E aí, fica muito mais fácil a gente ser querida. Fica muito mais fácil a gente conhecer e atrair pessoas interessantes. Fica muito mais evidente o que a gente quer. E se o cara tiver que aparecer, ele vai aparecer. Aos 20, aos 30, aos 40... Na hora certa, sem pular etapas, sem atropelar sentimentos, sem nos roubar experiências que precisam ser vividas para que a nossa escolha seja realmente consciente.

Aí, nesse momento, a gente entende tudo. E a gente dá graças a Deus por não ter cedido aos nossos medos de inadequação, e ter seguido em frente. A gente agradece por a vida ter nos contrariado aos 20 anos, quando a gente já queria que tudo se resolvesse ali. Porque nada melhor do que ser uma balzaquiana feliz, realizada e sem lacunas por feitos não realizados. Tudo a seu tempo. Tudo, no seu tempo certo.

Curtam. Vivam. Aproveitem.

Importem-se, apenas, com o que realmente importa!

7 comentários:

  1. Kiki, não te conheço pessoalmente, nem vc me conhece, mas um dos maiores presentes que tive este ano foi a descoberta do seu bolg. Como você é inteligente, madura e incrível! Adoro, aliás, amo tudo o que vc escreve. Vc não imagina como suas palavras me ajudam a tornar-me uma pessoa melhor.

    Grande bjo e que DEUS te abençõe sempre. Muita luz em sua vida!!!

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  2. Fiquei muito emocionada... Acabei de ler e fiquei extremamente feliz com as suas palavras. Comentários como esse fazem com que eu me sinta uma pessoa melhor. Pode acreditar. Queria estar lhe chamando pelo nome, mesmo sem te conhecer pessoalmente! Obrigado pelos desejos e que Deus nos abençoe, sempre!!! Beijos

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  3. É Kiki.... aproveitando, tb não te conheço, mas acredito que você não tenha noção de como suas palavras agradam à muitas pessoas, e eu sou uma delas... Você escreve coisas, que são verdadeiras "lições" e até um certo "acorda p/ vida"...rs
    Que Deus continue iluminando vc e sua inteligência! ;)

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  4. Ah, esqueci, não demora muito par postar hehe
    Bjs.

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  5. Tudo que você escreve é maravilhoso. Verdadeiras lições de vida. Obrigada por suas palavras.

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  6. Vixe, não pude deixar de comentar. Eu visitante assídua desse Blog...fico feliz cada dia que entro e vejo um novo textinho para lê, combinam muito com meu jeito de viver e pensar...Kiki, desculpa a intimidade, nem nos conhecemos pessoalmente, mas acho que posso te chamar assim, acho que vc deveria monte um consultório de psicologia on-line...pensa na idéia. Vc tem talento e inteligência para isso.
    Adoro você...suas palavras são lindas e você parece ser uma menina espetacular....
    Fica com deus, que te proteja sempre.
    Juliana Batista
    a

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  7. Pessoa queridas, muitíssimo obrigado pelas palavras muito mais bonitas do que as que eu escrevo!!!! Fico cada vez mais feliz, sempre que abro o blog e vejo o carinho de vcs! Beijos, beijos, beijos!!! A impressão é que já conheço um pouco de todas vcs!
    Entrem sempre, comentem sempre, aproveitem sempre!

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