Seus amigos, bando de mascarados, defendem você. Dizem q sempre foi assim, festeiro, brincalhão, mas q no fundo é supertradicional, de raízes cristãs, e só quer tornar as pessoas mais felizes.
Para mim? Carnaval, desengano... Você recorre à sua origem popular e incentiva essas fantasias nas pessoas, de q você é o máximo, é pura alegria, mas não passa de entrudo mal-intencionado, um folguedo, q nunca viu um dia de trabalho na vida.
Acha-se a coisa mais linda do mundo e é cafonice pura. Vive desfilando pelas ruas, junto com os bêbados, relembrando o passado. Chega a ser triste.
Carnaval, você tem um chefe gordo e bobalhão q se acha um rei, mas não manda em nada. Nunca teve um relacionamento duradouro. Basta chegar perto de você e temos q agüentar aquelas fotos de mulheres nuas, que são o seu gde orgulho. Você não tem vergonha, não?
Sei q as pessoas adoram você, Carnaval, mas eu estou cansada dos seus excessos e dessa sua existência improdutiva. Seja menos repetitivo, proponha algo novo. Desde q o conheço, você gosta das mesmas músicas. Gosta de baile. Desculpa, mas estou pulando fora.
Será q essa sua alegria toda não é para esconder alguma profunda tristeza? Será q você canta para não chorar? Tentei, várias vezes, abordar essas questões, e você sempre mudou de assunto. Ora, chega dessa loucura. Reconheça q você se esconde atrás de uma dupla personalidade.
Cada vez mais e mais pessoas ficam incomodadas com essa sua falsa euforia, fique sabendo. Conheço várias q fogem, querendo distância das suas brincadeiras.
Você oprime todo mundo com esse seu deslumbramento excessivo diante das coisas, sabia?
Por exemplo, essa sua mania de camarote. Onde os vips podem suar sem q isso pareça nojento. Onde se pode falar torto sem q seja errado. Todos vestidos de uniforme, senão não entram. Todos doidos para passar a mão na bunda um do outro. Essa é a sua idéia de curtir a vida?
Menos purpurina, Carnaval. Menos bundas, menos dentes para fora. A vida é linda, mas a “lindeza do lindo mais lindo que há no lindíssimo” é um saco. Um pouco de calma e autocrítica nunca fez mal a ninguém. Tudo muda no mundo – por que você insiste em continuar o mesmo?
A harmonia vem da evolução, não das alegorias. Chegou a hora de rodar a baiana para não atravessar na avenida.
Como será amanhã? Responda quem puder".
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