Não precisamos ter medo de ser feliz. Boicotar a felicidade, inventar fantasmas, duvidar da boa sorte pode ser um excelente modo de impedir o riso e evitar a paz. Sim, porque a vida pode ser boa. Apesar dos pesares. Com todos os dissabores e - sobretudo - com tudo o que de mais saboroso nos é oferecido ou conquistado. Porque a gente não precisa ficar com o pé atrás ou com os olhos bem abertos. Não quando a vida sorri. Não quando os motivos não convencem e, principalmente, quando eles são criações, obras de um sabotador interno que a gente tampouco sabe porque existe em nós, mas que alimentamos.
E que sejam expulsas tais criaturas. Que morram de inanição...
E que relaxemos na proporção exata da tranquilidade e da certeza que nos direcionam. Com palavras e com gestos. Não só nos discursos e nos diálogos cotidianos. Também neles. Mas, principalmente, na constatação incontestável da escolha, dos atos de cuidado, do carinho que nos é direcionado independente da tonalidade da rotina.
Porque a gente precisa se deixar ser feliz. Aceitar os presentes sem desconfiança. Receber o carinho sem os medos. Sim, é o medo que estraga a felicidade. O medo de algo que nem conhecemos, mas que nos angustia mesmo assim. O medo de um desconhecido que nem parece personagem da nossa trama, mas que a gente se apodera sabe-se lá porquê.
Que aceitemos o que nos é dado de bom grado e na sua exata proporção. Que aproveitemos os bons dias, os bons ventos, o melhor que poderíamos receber.
Que aprendamos a relaxar. A deixar que a nossa mente e o nosso coração estiquem os pés na areia e contemplem o mar, sem pressa. Ciente de que eles merecem. De que a gentre merece. De que não é pecado ter a vida boa, nesse mundo conturbado.
Pecado mesmo é ser ingrato. Pecado dos grandes. Ingratidão com a vida, então, deve render muitos pontos na carteira.
Então, que sejamos felizes na exata proporção que a vida nos oferece. Sem neuras, sem defesas, sem vestir a fantasia de coitadinha. Apenas sendo.
É isso.
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