sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

AH TELEFONE QUE NÃO TOCA...



Sim, quase toda mulher possui uma relação meio simbiótica com o telefone. Uma coisa diferente, esquisita. Esse serzinho ocupa boa parte do nosso tempo e, o que é pior, leva com ele boa parte da nossa grana...

Mas nos dias de hoje, ele parece tão fundamental quanto o relógio. Aliás, ele já substituiu o nosso mostrador de horas faz tempo, pois vem com o bônus alarme-soneca, calendário, e acorda-nos com a nossa canção favorita.

Mas pense bem: além disso, como vamos contar para aquela amiga - no meio do expediente - tudo o que aquele cachorro desalmado teve a cara-de-pau de escancarar nas nossas fuças, como se não tivesse coração? E todo o choro contido que precisa ser socializado? Ah, o telefone... Todo o primeiro encontro também é contado ali. Sim, a ansiedade não permite que esperemos até estarmos cara-a-cara com nossas amigas e cúmplices, que tantas vezes ensaiaram como devíamos nos comportar para fazer bonito com o pretendente sortudo.

E a gente briga no telefone, a gente ri no telefone, a gente protagoniza horas de silêncio, com a orelha já vermelha, de tanto que o tempo passou. E a gente espera com o telefone em punho, ou não. Mas a gente espera. Deixa ele ali, pertinho, pra disfarçar e para fingir que não somos tão apegadas e nem esperamos ansiosamente aquele telefonema prometido. E passam 5 minutos, 15, meia hora. E o telefone está ali, mudo, como se a zombar do desespero feminino. Eu até tenho a impressão de que, às vezes, ele ri por dentro da nossa agonia. E agente “esquece” ele no quarto e vai na sala. Depois de 01 minuto, voltamos para verificar se, por um acaso, ele tocou a gente não ouviu. Nada feito. Ele permanece num silencio misterioso.

E a gente liga para matar as saudades de quem está longe. E disca para quem está perto, só para saber o que está fazendo. E liga para a amiga para saber se estamos liberadas para ligar. A gente vibra ao toque de cada mensagem. E se angustia quando o toque vem do aparelho dele... E quando isso acontece, gente faz questionário digno de pesquisador de IBGE, para saber quem era a fulana e o que queria. A gente invade o “espaço telefônico” alheio, feito criança mimada.

E, de repente, parece que não conseguimos viver sem. Até que um bom encontro torna-o secundário. Ali, esquecido dentro da bolsa...
E quando ele toca, a gente nem se irrita profundamente se for da operadora, oferecendo um “pacote imperdível”.

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    minha gargalhada de hoje é um mérito seu. ri ao ler este texto... ou melhor seria, ri ao me ver neste espelho.
    gente do céu! a face ficou ruborizada ao ler e ter a sensação de ter sido descrita no mundo virtual.

    amiga, te amo. um pouco mais do que amo meu pequeno aparelho protagonista das peripécias narradas acima.

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