Não sei o que aconteceu, nem tampouco quando se deu tal mudança. Talvez seja apenas uma percepção individual, uma forma diferente de enxergar as coisas. Não sei. Mas algo mudou nas relações que, teoricamente, deveriam ser motivadas pelo amor, pela lealdade, pelo respeito e pela vontade de estar junto. E confesso que é com um misto de incredulidade e pena que observo as pessoas submeterem-se a relações anunciadamente fracassadas segundo os meus critérios de manutenção de uma relação. O amor parece não ser mais a pedra fundamental. Deixou de ser necessário e foi cedendo lugar a questões práticas do dia-à-dia. Facilidades, comodidade, lei do menor esforço. A paixão então, essa começa a ser buscada em relações paralelas, fazendo naufragar, por tabela, a lealdade e o respeito que deveríamos ter por todos aqueles que queremos bem. A gente não é obrigado a amar quem quer que seja, mas a gente tem o dever de respeitar a todos. Namorados, amigos, pessoas que admiramos - ou não. Que fique claro: essa situação não é sustentada por um lado apenas. Ninguém é completamente vítima. Pode não haver mais amor, paixão, respeito, consideração. Mas a cumplicidade para continuar caminhando trôpegos é mantida de forma admirável. Fecha-se os olhos quando "necessário", muda-se o discurso quando o antigo parece não servir mais. E tudo perde a cor. E as pessoas perdem o brilho e as melhores épocas de suas vidas, porque não podem ficar só. Porque acham que não podem. E olham com nostalgia para a felicidade alheia. E criticam os que estão sozinhos, porque são incapazes de admitir o próprio fracasso.
Sim, é muito melhor estar com alguém. Mas "estar" não é fazer de conta. Na minha concepção - que hoje parece antiquada - a gente se relaciona para ter um(a) companheiro(a) com todas as implicações que o termo sugere, e não para ter um status. Não é justo com ninguém. Enquanto uma relação capenga é mantida, perde-se a oportunidade de viver coisas mais honestas e de encontrar quem, de fato, alimentaria a nossa vida numa parceria real.
Mas a carência parece cegar. Principalmente o núcleo feminino, que acaba se sujeitando a tudo e qualquer coisa. Buscam as justificativas mais absurdas. Acreditam nos argumentos mais fantasiosos. Ou melhor: fingem acreditar, porque essa é a única forma de não perder o que acham que tem. Mas não percebem que a única coisa que lhes restou foi a angústia das incertezas, a auto-estima caindo vertiginosamente e a pseudo companhia de alguém que já parece ocupado demais para lhes dar a devida atenção. E para os homens, a situação é facilitada, porque eles não precisam mais decidir. Porque as escolhas deixaram de ser excludentes. Um prato cheio para quem gosta de ficar acomodado em cima do muro, para quem não gosta de correr riscos, para quem tem medo de sair da zona de conforto, para quem tem a infantil ilusão de que sempre poderá ter tudo... E eles acham que isso é uma grande vantagem, quando, na verdade, é apenas um gasto de energia desnecessário.
E não percebem que, se fossem honestos consigo mesmo, poderiam - um belo dia - encontrar o que procuram em um único pacote, ao invés de tentar equilibrar vários de forma desordenada.
É isso...
Coragem para os que precisam de coragem. Paciência para os que precisam de paciência.
beijos
Adorei. Concordo totalmente.
ResponderExcluirNossa!!!Quanto peso nas palavras!!!Desabafo?????
ResponderExcluirPosso apimentar a discussão? Quantas vezes pessoas maravilhosas passaram e passam diante dos nossos olhos e não percebemos? Sou da teoria que "deixemos de visualizar o horizonte do desejo fútil e efêmero e olhemos para o nosso lado." Tenho certeza que muita gente interessante nos acompanham e não damos a mínima atenção. Aprendi com a vida e com amigos sinceros e hoje percebo quantas pessoas boas, com caráter e virtudes eu consegui conquistar. Apenas uma sugestão: Olha ao seu redor!
Ps. gosto muito de visitar blogs e quando eu vi o seu, me pareceu muito familiar...rsrsrs!
Sim, um desabafo. Não pelo que vivencio (ufa!!), mas pelo que ando vendo por aí. O difícil é separar o joio do trigo. Introjetamos tantas "necessidades", que às vezes colocamos o "fútil e o efêmero" no pacote do que nos é essencial. E, na maioria das vezes, demoramos a nos dar conta disso.
ResponderExcluirVou olhar sim. Ainda mais.
Vou valorizar sim. Ainda mais.
E que tenhamos sorte!
Seja sempre bem-vindo.