segunda-feira, 4 de julho de 2011

PERMITA-SE

DA TIRANIA NOSSA DE CADA DIA

"Decidi que eu mereço a minha benevolência, gentileza, indulgência, minha total deferência. Eu, mais que qualquer ser sobre a face deste planeta estranho e nessa vida de “meu deus”, mereço tudo de bom que eu possa me dar. Não tá entendendo nada? Explico. Depois de trinta e poucos anos de vida, não serei mais tirana, rígida, inflexível, autoritária comigo mesma. Não me obrigarei a fazer coisas de que não gosto. Não suportarei mais pessoas desagradáveis. Não me violentarei com as obrigações impostas pela sociedade de fora pra dentro. Se estiver cansada de verdade, em vez de uma preguicite de araque, não vou fazer por um semestre o curso de línguas. Se não tiver com saco, ou estiver dolorida, vou enforcar a academia e em vez de cinco vezes por semana, vou três. Se o livro estiver chato, vou parar de ler. Não sou crítica literária pra ser obrigada a ler o que não gosto. Vou me dar flores de vez em quando. Vou desligar o telefone quando a ligação for de telemarquetingue. Vou me levar pra ver o pôr-do-sol pelo menos uma vez por semana. Vou me dar presentinhos e não vou deixar que eles me pesem na consciência monetária. Vou escolher cuidadosamente as minhas brigas e só vou bater de frente por aquilo que realmente importa e que fará diferença significativa na minha existência. Pra todas as outras, tecla Foda-se. Incluindo-se aí síndico, chefe, gente inconveniente, refri errado no restaurante, e todas aquelas coisas miúdas que tiram um pouquinho do brilho do dia e, se a gente ainda reclamar, tiram muito mais e fazem da vida vai um ringue e não um jardim e eu, definitivamente, prefiro esse. Nada que não se justifique realmente pelos meus padrões de discernimento e ética, será poupado. Sim, confio nos meus padrões de discernimento e ética. Mamãe e papai fizeram um bom trabalho. A psicanálise também. E depois, se eu estiver errada, admito e volto atrás, sem problemas, que eu sou dotada de marcha ré. A partir de hoje, direi não à auto-flagelação, por mais insignificante que possa parecer" (Ticcia).

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