sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por que eles que decidem?

Perdi as contas de quantas vezes eu ouvi amigas me falarem com uma certa pontinha de agonia, que queriam uma definição. Sim, uma definição sobre a sua condição "civil" diante de algum tipo de relacionamento amoroso. "Não sei se a gente tá namorando". "Não sei o que esperar dele". "Não sei, não sei, não sei". Mas todas elas queriam saber. Disso, eu tenho certeza. E aquela pontinha de agonia que falei a princípio vem exatamente daí. Do não saber o que esperar e de não saber o que esperam dela. E aí, a dúvida do como agir para não invadir o espaço alheio e de que comportamentos "podem" ter para não perder o dito cujo, se hospedam definitivamente nas suas cabecinhas.
Não sei quem plantou a idéia de que perguntar ou deixar claro o que deseja significa "colocar na parede". Não sei mesmo. Mas sei que o trabalho foi bem feito. Porque para a maioria, passa a ser melhor conviver com a angústia da dúvida, do que jogar abertamente e correr o risco de espantar o bonitão. Ora, agora, pergunto eu: é justo eles decidirem quando querem sair com a gente e quando não vão nem dar as caras porque a programação com os amigos já está feita? É justo a gente não saber se "pode" sair por aí e se relacionar com outra pessoa, enquanto eles pouco estão ligando pra gente quando vão pra balada sozinhos? Não, queridas. Não é nada justo. Mas tenho que dizer que a responsabilidade sobre essa injustiça psíquica-emocional é nossa mesmo, e de mais ninguém.

Parece que no cromossomo X existe uma certa ética diferente. Não precisamos do status de namorada para saber que não vai ser legal estar com o bonitão na terça-quarta-quinta-sexta-sábado, falar todo dia ao telefone, falar coisas bonitinhas para - no domingo - desfilar pela cidade com outro que não atende pelo nome dele. Porque eles não cansam de soltar a clássica frase: "não tá legal assim? Por que vocês precisam do status de namorada se tá tudo tão bem?". Tá tudo tão bem? Tá tudo tão bem para eles porque nós, mulheres, somos providas dessa ética que faz com que fiquemos em casa em pleno sábado esperando o telefone tocar, enquanto ele está com os amigos, ao invés de sairmos por aí com aquele outro que está louquinho pelo prazer de ser o nosso namorado. Queria ver se estaria tudo tranquilo se, naquela noite que ele resolveu dar um perdido, cruzasse com a gente desfilando por aí, com outro pretendente em potencial. Queria ver se no próximo final de semana ele iria dar chance ao azar. Se está a fim de verdade, eu duvido muito. Possivelmente o pedido de namoro viesse no dia seguinte. Ou nunca mais. O que - de fato, já seria uma definição. Pronto. Resolvido para o bem ou para o mal, mas sem mais aquela dúvida atroz que tanto nos atormenta.

Por isso o meu conselho é sempre o mesmo: Se está na dúvida, pergunte claramente. Se essa situação não te deixa em paz, fale com todas as letras que precisar. Isso não é colocar na parede, nem pressionar. Isso é dizer o que quer, assim como eles fazem com a gente, sem o menor pudor. Se eles se permitem dizer que não querem "apressar as coisas", a gente também tem todo o direito de saber onde está pisando para poder decidir - a partir daí - o que será melhor pra gente. Isso não significa, também, que a gente está louca para namorar, que quer "pegar o besta" ou coisa parecida. Isso quer dizer que a vida já tem dificuldades demais, para ficarmos criando outras tantas, desnecessariamente. Que temos direitos iguais e que não é nada justo ficarmos dependentes da vontade alheia que, às vezes, não tem nem a consideração de atender o nosso telefone quando a programação do fim de semana já está sacramentada. Tenha santa paciência, né?! 
Se pode ser mais simples, se pode ser mais justo e se podemos jogar mais limpo, porque tanto medo de dizer o que pensa ou sente? Tão independente que somos, tão bem resolvidas e - nesse ponto - ainda agindo como o lado mais fraco e menos privilegiado da questão...
Pensem, queridas. Pensem.

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