sábado, 1 de agosto de 2009

Do que não podemos definir: FALTA

A falta é como um buraquinho que deixou de ser preenchido, um espaço que ficou em branco, um guarda-roupa vazio. A gente sabe que deveria existir algo ali, mas, por alguma razão só restou a ausência. E a gente sente falta de diferentes coisas, em momentos variados. Falta de sono, de dinheiro, de paciência. Falta daquela comida, do abraço, de disposição. Falta de juízo e de coragem. Falta do que já fomos, do que vivemos, de quem amamos. E a gente quer retomar cada coisinha, organizar a casa, colocar tudo no seu devido lugar. Algumas vezes, uma falta gera inúmeras outras... A ausência de alguém que nos é importante, por exemplo, traz consigo um pacote de outras faltinhas: a falta da palavra, do som da voz, do cheiro. A falta da companhia, do contato físico, do gosto. E as faltas vão se juntando e, com um grito estridente, acordam a saudade, que estava tendo o seu momento de descanso. E, nesse caso, a falta traz a saudade pela mão...
E, quando a saudade aparece, ela recruta as nossas lembranças. E a gente torce para que a lembrança esteja bem animada e diminua o peso de algumas faltas... Porque ela resgata o cheiro, o gosto e aquelas sensações ausentes. E, por alguns instantes, eles não precisam estar concretamente presentes. Eles ficaram guardados, como medida de emergência... Nossa memória foi registrando e armazenando tudinho no coração, sem que percebêssemos, a cada momento compartilhado. E, na ausência física, as lembranças desses momentos tornam presentes as sensações daquilo que está nos fazendo falta. E a gente fica feliz por lembrar. E se aquieta, fazendo companhia a espera...

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