sábado, 17 de abril de 2010

REFORMAS

Às vezes as coisas mudam de lugar sem precisar de tornados, tsunamis ou desabamentos de terra. Acontece sorrateiramente, na calada da noite, de forma até discreta e - quando o sol nasce - os móveis já não estão na mesma disposição.
Mudaram os porta-retratos, o canal da televisão e os desejos que enfeitavam o ambiente. Os sapatos já não estão no mesmo lugar e - agora - é preciso rever onde se quer pisar, de fato. A comida não está mais quente e o vinho encontra-se aberto, solitário e não-provado. Desperdício. Agora já é possível enxergá-lo. As certezas também não são mais as donas da casa. Agora elas dividem a sala-de-estar com a possibilidade do não-querer. E do querer. É que a dúvida também se abancou, trazendo o nome "bom-senso" estampado no peito. E até que a casa não parece restos de um desastre. Lembra mais o bom e velho lar, que agora precisa de uma faxina. Aproveitar as "reformas" não solicitadas e melhorar o ambiente para que fique com a nossa cara e de acordo com o nosso estado de espírito.
As chaves já não estão penduradas, disponíveis, mas as portas encontram-se abertas, assegurando o bom e velho direito de ir e vir.

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