Que bom seria se a gente pudesse ter ao nosso lado todos aqueles que amamos e cuja presença nos faz bem. Se nem o tempo, nem as surpresas da vida nos levassem as presenças queridas que tão importantes são para o nosso crescimento enquanto pessoa e para engrandecer o nosso valor como ser humano. Ah, se fosse possível manter todos pertinho de nós, ao nosso lado, segurando a nossa mão... Ah, como seria confortável não ter que dizer adeus nem, tampouco, ser obrigado a conviver com as ausências. Mas não é assim. Esse é o fato mais certo e mais absoluto que existe.
A vida tem o seu curso natural, espontâneo, cujo final independe - na maioria das vezes - das nossas vontades e necessidades. Nem sempre o que a gente quer é o melhor para o outro. Nem sempre o que a gente precisa, o outro tem a obrigação ou o papel de nos prover. Não segue uma regra ou lógica matemática. Não consta nos manuais ou nas cartilhas escolares. É a imprevisibilidade dos fatos ou a sabedoria da vida. Sabe-se lá.
O que sabemos é que existem pessoas que deveriam ser fisicamente eternas. Não deveriam envelhecer, sofrer ou partir. Desculpem o egoísmo da afirmação, mas é a minha humanidade imperfeita que às vezes deseja isso. Por não saber lidar com partidas ou por sempre ficar com a sensação de que deveria ter aproveitado um pouquinho mais. Porque tem coisas que a gente só entende quando cresce, quando amadurece, quando perde um pouco daquela roupagem narcísica onde o nosso umbigo vem em primeiro lugar. Ah, se a gente soubesse com antecedência o que realmente importa. Ok. Talvez esse seja mesmo o processo natural, de aprendizado, de crescimento, mesmo que aparentemente imperfeito. Então, que a gente tivesse um pouquinho mais de tempo, para poder retribuir o que - ás vezes - leva um certo tempo para chegar ao nosso campo perceptivo de forma consciente, na sua real dimensão.
Porque as vezes eu sinto uma necessidade fininha de ter compartilhado mais. De ter dito mais. Uma necessidade que o encanto eterno que alguém importante nos deixa, pudesse ter sido respondido numa intensidade semelhante, do alto das minhas incompletudes e deficiências existenciais. Com ela foi assim. Recebi numa proporção bem maior do que ofertei, mesmo que aquilo fosse o máximo que eu pudesse dar, no momento. Mas não dava pra comparar. Ainda tô em processo de construção, tentando ser melhor um pouco mais, a cada dia. Enquanto determinadas pessoas são completas. Ela era assim. Inteira, no alto da sua sabedoria e da sua pose aristocrática. De quem sempre sabe o que fala. De quem sempre se dispõe a ouvir, com a mesma disposição, os absurdos dos que estão aprendendo e as "certezas relativas" dos que ensinam.
Ah, que bom seria se a gente tivesse um pouquinho mais de tempo. Sempre um pouquinho mais de tempo. Ah, mas como é melhor- no tempo que nos foi disponibilizado - ter o privilégio de conviver, compartilhar e aprender. Lições que independem da concretude dos fatos ou da presença física. Lições eternas, ensinadas através do exemplo. Que hoje nos guiam, nos orientam e nos fazem ser quem somos. Que hoje me permite saber a grandeza e a importância da minha família, sem cometer injustiças. Sendo assim, acho que acabamos sendo um pouquinho dessas pessoas. Acabamos tendo, no nosso jeito, na nossa vida e nas nossas escolhas um tanto significativo de quem é "para sempre". E assim, elas são eternizadas em nós...
P.S.: Escrevi esse texto, pensando na minha avó. Infinita, presente, inesquecível.
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