Hoje, me deu uma saudade diferente. Uma saudade de me ter de volta, sabe. Tem um montão de gente que sonha em viver a vida de alguém, para não ter responsabilidades, para não ter que andar com as próprias pernas ou ter que fazer escolhas. Pode até parecer legal. Mas a cada dia eu percebo que funciono com um chip um pouco diferente. Sou carente demais para viver em torno de um só alguém. Preciso de muitas e diferentes fontes de satisfação, e isso inclui pessoas variadas com diferentes papéis. E vamos combinar que também deve ser muito chato, para o outro lado, carregar um peso morto nas costas para sempre. Sou altruísta demais para pedir sem dar em troca numa proporção maior.
Infelizmente, no meio em que eu fui levada a estar após 30 anos de vida, os pesos mortos são vários. E as reclamações também. Dos dois lados. E é triste ver que a maior parte das mulheres é composta de pessoas infelizes ou cheias de mágoas, com poucas palavras de amor para direcionar ao outro, mas com uma relação incontável de queixas a fazer. É chocante perceber que as pessoas estão unidas "sabe-se lá porquê", culpando o outro - mesmo que veladamente - por terem largado as suas próprias coisas. E o que vejo, quando tenho que estar nesse contexto, são comportamentos imaturos, egoístas, tristes, infantis e indignados. São pessoas andando de forma torta, mas sem coragem de fazer algo a respeito. E o negócio é tão forte, que pode contagiar até quem nada tem a ver com esse modelo. É de dar medo, podem acreditar! Em pleno século XXI, mulheres em casa, "gastando o R$ do marido para ele não gastar com outra". Maridos afirmando que casar não foi um bom negócio e, por isso, querendo resgatar a vida de solteiro, quando o emprego permite alguns dias de ausência do lar doce lar. Como se isso fosse muito bacana. Dava uma tese de mestrado, acreditem. É de arrepiar!
Aí lembro dos meus. Do meu contexto social. Dos amigos que EU escolhi para conviver e das relações estabelecidas ao longo de todo esse tempo. Mulheres fortes, independentes, que fazem questão de sua liberadade. Homens vivendo na sua real idade cronológica, mesmo com todos os defeitos. As mulheres que trabalham, que correm, que se divertem, que não comportam-se em função do comportamento dos outros. Pessoas que "marcam as 08h no Mangai" para resolver suas questões para não correrem o risco de soltar as insatisfações em doses homeopáticas por toda a vida e tornarem-se amargas. Mulheres que ganham mais do que os homens ou que ganha menos do que eles, mas mulheres que não se escoram nem sugam. Mulheres que agregam, mas que sabem que podem cobrar os seus direitos.
E é disso que tenho saudade. Das minhas mulheres e dos meu homens. Da alegria genuína e das gargalhadas. Da mesa cheia. Do dia na praia, do jogo de frescobol, do banho de mar. Do pé de amora.
Saudade de "arquitetar planos" e correr conversando, colocando as tensões do dia para fora. De poder falar o que quer, sem a preocupação do que vão achar, pensar ou do que será propagado nas vilas da vida. Saudade de uma gente diferente...
De me desligar do trabalho quando sento na mesa no lanche pré-corrida. Das ligações sem fim, que começavam com reclamações e terminavam em piadas. Do direito de almoçar sentada na mesa. De ter meu carro, meus amigos, minha vida e, com isso, o direito de ir e vir, sem grandes restrições "técnicas". De conviver com crianças. De encontrar, por acaso, alguém muito querido que há tempos não via.
Não, não é que a vida tá ruim. De jeito nenhum. É que ela poderia ser melhor. É que as pessoas poderiam ser melhores. A vida tá boa. O emprego é mais "maneiro" e promissor do que o de antes. O lar é bacanão e dá vontade de voltar sempre. A saúde tá boa, tô conseguindo treinar e tal. Mas falta gente, sabe?! Faltam pessoas na minha vida, que eu escolhi e que me escolheram com tanto carinho. Não essas que eu herdei sem direito a escolha e que possuem chips antagônicos ao meu. E que me entristecem e me deprimem.
Agora, nesse momento, tudo o que eu queria era Ponta Negra "do meu lado da faixa de gaza". E as duas horas de frescobol. E "a uma" (no máximo duas!) cervejinha pós-jogo, com empanadas argentinas ou um bom crepe. Tudo isso regado a uma conversa de futuro, mesmo que seja besteira.
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