O
que encanta nessa vida são as idiossincrasias, as diferenças individuais, as
peculiaridades que cada pessoa carrega consigo e que tornam esse cantinho um
lugar bem interessante de se habitar. O fato de pensarmos diferente, de
respondermos a um mesmo estímulo de várias maneiras, a possibilidade de, ao
entrarmos em contato com o outro, aprendermos mais algumas lições que não
constam nos nossos manuais. Enxergar com o olhar de alguém que admiramos, ouvir
tentando perceber as situações sob uma nova perspectiva, começar a entender
outros argumentos que, em circunstâncias normais, não visitariam o nosso
arcabouço de justificativas.
Mas
é esse mesmo pacote que compõe as individualidades que, às vezes, nos confunde,
nos tira de tempo, rouba um pouquinho do nosso juízo cada vez que tentamos
compreender porque as pessoas agem de determinada forma, quando a equação
pensamento-ação deveria ser puramente matemática. É essa “lógica” alheia – às
vezes inexplicável pela nossa cartilha – que nos toma um tempão, que rouba
preciosos minutos do nosso sono e que nos leva a elocubrações dignas de
roteiros hollywoodianos. As diferenças, os comportamentos incompreensíveis, a
falta de legenda. A necessidade de entender segundo as nossas verdades.
As
“contradições das diferenças”. O que nos engrandece, mas que custa várias
sinapses. O que – no final – é entendido e justificado, mas que no presente é
difícil de engolir. Não é nada fácil fazer habitar, no mesmo espaço, as nossas ideias
pré-concebidas e as novas formas de pensar com as quais a gente se depara no
contato com o outro. Mas é uma oportunidade e tanto, para quem está aberto para
o diferente, sem abrir mão das lentes da criticidade que são tão importantes
para a gente também não cair no conto do vigário, ou pagar de “maria-vai-com-as-outras”.
O importante é se divertir na caminhada. Percebendo que o diferente pode ser
bom, que o que parece fora da caixinha, pode acrescentar um bocado na nossa
vida, que as semelhanças nos ajudam a solidificar as nossas certezas, nos dão
entendimento nos momentos difíceis e cumplicidade nas alegrias.
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