"Tem dias que a alma adoece, enfraquece, cansa, sucumbe, padece, claudica, esmorece, tropeça, cai, se espatifa, murcha, fenece, desiste, pede arrego e o corpo, coitado, vai junto. E tudo o que se quer é poder ir para cama às 4 da tarde, no quarto escuro e silencioso, deitar a cabeça no travesseiro e desaparecer para si, de si, pros outros, do mundo. Não perturbe dependurado na porta. Uma mãe imaginária materializável só para quando a gente gritasse, água. Ou para quando a gente finalmente saísse do semi-coma, servir um prato daquela canja de galinha que só existia quando eu tinha 5 anos. Batatinha em quadradinho, arroz, frango desfiado, caldo e calor.
Mas sair do semi-coma só depois. Agora precisamos do lugar longe do mundo e de nós mesmos porque estamos doente, com gripe, com caxumba, com indisposição gástrica, com conjuntivite, não interessa o que dizer ao chefe. Hora do intervalo de si mesmo, do recreio, coffee-break. Só eu e o sono, o lençol cheiroso, a janela e a cortina cerrada, quem sabe a gata. Sem telefone, sem barulho, sem campainha, celular, bombeiro, ambulância, vizinho, interfone, alarme de carro, planão do jornal nacional. Eu, meu corpo e minha lama cansada no silêncio acolhedor do intervalo da vida. Hoje só amanhã. Até" (Ticcia).
Mas sair do semi-coma só depois. Agora precisamos do lugar longe do mundo e de nós mesmos porque estamos doente, com gripe, com caxumba, com indisposição gástrica, com conjuntivite, não interessa o que dizer ao chefe. Hora do intervalo de si mesmo, do recreio, coffee-break. Só eu e o sono, o lençol cheiroso, a janela e a cortina cerrada, quem sabe a gata. Sem telefone, sem barulho, sem campainha, celular, bombeiro, ambulância, vizinho, interfone, alarme de carro, planão do jornal nacional. Eu, meu corpo e minha lama cansada no silêncio acolhedor do intervalo da vida. Hoje só amanhã. Até" (Ticcia).
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