segunda-feira, 1 de março de 2010

Ser empática não é pagar de Madre Tereza

O início de 2010 funcionou como um acerto de contas do fim de 2009. Se é que fica possível entender. As diferenças acabaram me levando a decisões difíceis, a aceitação de situações que não me são naturalmente saudáveis. Fiz amizades com os sapos e enfiei-os goela abaixo porque valia à pena. No mundo concreto era incontestavelmente válido fingir que o gato não miava enquanto fingia ser lebre (como bem explicou a querida Clarice). E fiz. E entendi, aceitei, sorri quando a vontade era esbofetear, para preservar as pessoas que de fato fazem por merecer cada sacrifício, cada batráquio colecionado. Fiz porque sou uma "feliz vítima" de uma educação acima de qualquer suspeita e resitente a doses, copos e, até mesmo, porres homéricos. Até o meu inconsciente tem uma educação inglesa, para os momentos de obnubilação, se é que dá para captar as entrelinhas.

Mas quando a conta chegou, no começo de um novo ciclo, o aparelho digestivo do meu mundo psíquico mais parecia um brejo. Cheio de pequenas criaturas verdes coachando sem parar. Tirando o meu sono, a minha paciência e, por várias vezes, o meu humor. "Ah, mas faz tanto tempo...". Nas minhas aulas de Psicologia, explico que, se alguma coisa passada ainda te angustia na atualidade, é porque ela é presente. Bem presente. Presente de grego. Para virar passado, os sapos tem que ser digeridos. E estão sendo. Calmamente. Eficazmente. Sem medo das perdas em decorrência dos "nãos" que já tenho coragem de dizer hoje. Os "nãos" que deveriam ter dito antes e não o fiz por medo de perder.

E porque fui acostumada a entender o outro, mesmo quando o outro tampouco está se preocupando comigo. Porque acredito que as pessoas sempre tem alguma razão para fazer o que fazem, por mais incompreensível que as suas atitudes possam parecer. Aprendi que tenho que relevar, analisar e passar adiante. Tenho uma capacidade empática inata e outra aprendida. Imagine o pacote... E aí, vou colecionando "nãos" não-ditos. Vou aceitando agressões porque "ó pobrezinha, tá cheia de problemas". Vou aguentando palavras grosseiras sem revidar nem com minha tiradas irônicas porque "só foram ditas" em decorrência de um certo grau de ebriedade. E trato adultos como crianças.

Até que o limite atinge o ápice. Até que a paciência de Jó se exaure. Até que eu decido que - mesmo as crianças - precisam assumir a consequência dos seus atos para serem pessoas melhores. Faz parte do processo de aprendizagem. Imagine adultos mimados e inconsequentes... E, a partir daí, decido fazer uma limpeza geral no brejo e expulsar todos os sapos que não foram naturalmente digeridos!

E tenho dito (adorando ser rebelde)!!!

3 comentários:

  1. Tá certíssima Kiki! Preserve apenas as pessoas que tem o mesmo cuidado com vc. Faça que nem eu: se não tá te acrescentando nada de bom, então deleta. Pq muito ajuda quem não atrapalha. Fica bem lindona. Bjo grandeee

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  2. Rapazzzzzzz que meu brejo tbm tá com super lotação! Estou pensando seriamente em cometer um 'sapocídio'. Hunf!
    (Dona do Pé de Amora)

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  3. Já tá causando um desequilíbrio na cadeia alimentar, né amiga?! E sapo nem combina com pé de amora. Nem sei o q eles estão fazendo aí!!!

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